O Santuário e o dia da expiação (Parte I) | |
1. COM RELAÇÃO AOS SANTUÁRIOS TERRESTRE E CELESTIAL
a) O Santuário construído por Moisés era exatamente igual ao Santuário celestial? De acordo com Êxodo 25:9, 40 e Êxodo 26:30, Deus ordenou a Moisés construir um Santuário conforme um modelo mostrado no monte: “Conforme a tudo o que Eu te mostrar para modelo do tabernáculo, e para modelo de todos os seus móveis, assim mesmo o fareis.” Êxodo 25:9 “Atenta, pois, que os faças conforme o seu modelo, que te foi mostrado no monte.” Êxodo 25:40. “Então levantarás o tabernáculo conforme o modelo que te foi mostrado no monte.” Êxodo 26:30. A Bíblia não diz que aquele modelo era exatamente como o celestial e também não diz que as cerimônias eram idênticas. b) Por que o Santuário mostrado a Moisés possuía dois compartimentos? O Santuário terrestre compunha-se de dois compartimentos: Lugar Santo e Lugar Santíssimo. Um véu separava os dois compartimentos. A existência de um espaço com a entrada restrita e mais santo que o outro, prende-se ao fato dos serviços e rituais serem ministrados por homens falíveis. Por essa razão entende-se que há apenas um compartimento no Santuário celestial, chamado de: Lugar Santíssimo. c) Onde Jesus entrou e encontra-Se até hoje após Sua ascensão? A Bíblia ensina que após sua morte e ascensão, Jesus entrou imediatamente no Lugar Santíssimo, do Santuário celestial. Não ficou num outro compartimento intermediário até 1844. O apóstolo Paulo deixa muito claro esse assunto: “Mas este, havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, assentou-Se para sempre à direita de Deus. …Tendo pois, irmãos, ousadia para entrarmos no santíssimo lugar, pelo sangue de Jesus.” Hebreus 10:12 e 19. Ver também Atos 7:54-55. d) Com a morte de Jesus, o que aconteceu com o véu que separava o Lugar Santo do Lugar Santíssimo? Quando Jesus morreu, o véu que fazia separação entre o Lugar Santo e o Santíssimo no Santuário terrestre, rasgou-se em dois, de alto a baixo: “De novo bradou Jesus com grande voz, e entregou o espírito. E eis que o véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo; a terra tremeu, as pedras se fenderam.” Mateus 27:50-51. Isto significa que, a partir de então, estava aberto o caminho e todo o crente tem acesso ao Pai, por meio de nosso Sumo Sacerdote, Jesus (Hebreus 9:8). Se não havia mais separação entre os dois compartimentos do Santuário terrestre, como poderia existir ainda uma separação no Santuário celestial? Não há base bíblica e também não há lógica alguma Jesus ter ministrado até 1844 no lugar Santo e após 1844 ter entrado no lugar Santíssimo do Santuário celestial. 2. COM RELAÇÃO AO CERIMONIAL DO DIA DA EXPIAÇÃO a) Que evento importante acontecia uma vez ao ano, no dia 10 do sétimo mês? De acordo com Levítico 16:29-34 celebrava-se a festa anual da expiação e este dia era chamado de “Dia da Expiação”. Realizava-se nesta data a purificação do Santuário. Esta purificação era necessária, pois durante o ano os pecados cometidos pelos filhos de Israel eram provisoriamente removidos pelo sacrifício contínuo e transferidos ao Santuário pelos sacerdotes. Esses rituais diários eram realizados no primeiro compartimento, também chamado de Lugar Santo. Uma vez ao ano fazia-se a purificação do Santuário, ocasião em que somente o sumo sacerdote, após sua própria purificação, entrava no Santíssimo (Hebreus 9:7). b) No dia da expiação eram apresentados dois bodes perfeitos. Um desses bodes poderia ser representado como sendo Satanás? Em Levítico 16:5 e 10 lemos que os dois bodes eram para fazer expiação do pecado: “E da congregação dos filhos de Israel tomará dois bodes para oferta pelo pecado e um carneiro para holocausto. …mas o bode sobre que cair a sorte para ser bode emissário será posto vivo perante o Senhor, para fazer expiação com ele, a fim de enviá-lo ao deserto como bode emissário.” Levítico 16:5 e 10. Sortes eram lançadas sobre os dois bodes (Levítico 16:8). Um bode tinha que morrer (Levítico 16:9) e o outro era enviado vivo ao deserto (Levítico 16:10). Os dois bodes tinham íntima participação no processo expiatório. Sendo assim, em hipótese alguma, Satanás poderia representar o bode emissário. O ritual de purificação do Santuário somente se completava com a remoção dos pecados para fora do arraial, remoção esta realizada pelo bode emissário. Muitos teólogos apresentam o texto a seguir como prova que o serviço de expiação do Santuário encerrava-se com o sacrifício do bode expiatório. É muito importante esclarecer o que diz a passagem bíblica de Levítico 16:20: “ …havendo pois acabado de expiar o santuário e a tenda da congregação, e o altar, então fará chegar o bode vivo.” Não prova isto que, antes do bode emissário ser apresentado, o santuário já estava purificado e o serviço de expiação totalmente encerrado? Não. Não prova. O serviço do dia da expiação incluía a remoção dos pecados para fora do arraial, sem o que, o trabalho estava incompleto. A Bíblia diz que o bode emissário também fazia expiação (Levítico 16:5,10 e 22), pois este tinha sobre si os pecados confessados e tinha que levá-los para fora do arraial. O trabalho de expiação era feito em duas etapas: primeiro os pecados confessados eram expiados do Santuário e depois removidos do arraial. Além do mais, em Levítico 16:21-22 diz que o bode emissário levaria sobre si todas as iniqüidades confessadas pelo povo de Israel: “E Arão porá ambas as suas mãos sobre a cabeça do bode vivo, e sobre ele confessará todas as iniqüidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, segundo todos os seus pecados; e os porá sobre a cabeça do bode, e enviá-lo-á ao deserto, pela mão dum homem designado para isso. Assim aquele bode levará sobre si todas as iniqüidades deles à terra solitária; e enviará o bode ao deserto.” Levítico 16:21-22. c) Quem é representado pelos dois bodes e por quê? Jesus realizou o trabalho dos dois bodes. Ele morreu, derramou o Seu sangue por nós e levou sobre Si os nossos pecados: “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre Ele a iniqüidade de todos nós.” Isaías 53:6. “Levando Ele mesmo os nossos pecados em Seu corpo sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas Suas feridas fostes sarados.” I Pedro 2:24. Um bode tinha que morrer e derramar o seu sangue, enquanto que o outro bode tinha que levar sobre si todas as iniqüidades confessadas pelo povo de Israel e também levá-las para fora do arraial. Por isso Jesus teve que padecer fora dos muros de Jerusalém (Hebreus 13:12). Considerar o bode emissário como Satanás, seria forçar a idéia de que Satanás pode tomar parte na expiação dos pecados do povo. Isto seria no mínimo ilógico, uma vez que ele é o originador do pecado e da mentira. Ao mesmo tempo é fazer acreditar que a obra de Cristo não foi realizada completamente no Calvário e que Jesus ainda está dependente da ajuda de Satanás, isto é, de que os pecados sejam confessados sobre a cabeça de Satanás. Isto contradiz veementemente a Palavra de Deus e torna ineficaz o sacrifício do Cordeiro de Deus. É muito grave tal concepção. 3. COM RELAÇÃO À EXPIAÇÃO DOS PECADOS a) Quando Jesus realizou a expiação dos nossos pecados? No Calvário o Senhor Jesus realizou uma obra plena, completa. Nada deixou para depois e muito menos a necessidade de uma participação de Satanás para completar a Sua obra. A Bíblia diz que Jesus efetuou no Calvário, um único e cabal sacrifício, uma eterna redenção: “E não pelo sangue de bodes e novilhos, mas por Seu próprio sangue, entrou uma vez por todas no Santíssimo, havendo obtido uma eterna redenção.” Hebreus 9:12. Com Sua morte expiou imediata e totalmente, os pecados dos crentes. Paulo disse: “…Em quem temos a redenção…” Efésios 1:17 e Colossenses 1:14. O apóstolo Paulo não disse “em quem teremos a redenção”. b) Quando o crente efetivamente é purificado e tem seus pecados cancelados? Os pecados são cancelados no momento em que a pessoa é batizada, após serem preenchidas as condições de arrependimento. Esse batismo, para ter validade, terá que ser em nome de Jesus. O apóstolo Pedro escreveu o seguinte a esse respeito: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo.” Atos 2:38. c) Depois do processo de batismo, os pecados confessados ainda ficam em memória diante de Deus por um tempo determinado? Quando confessamos nossos pecados, Deus nos perdoa. Isto quer dizer o seguinte: – Deus esquece, ou seja, Ele não mais Se lembra dos nossos pecados “…Conhecei ao Senhor; porque todos Me conhecerão, desde o menor deles até o maior, diz o Senhor; pois lhes perdoarei a sua iniqüidade, e não Me lembrarei mais dos seus pecados.” Jeremias 31:34. – Deus apaga os pecados confessados: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte que venham os tempos de refrigério, da presença do Senhor.” Atos 3:19. – Deus lança os nossos pecados confessados nas profundezas do mar: “Quem é Deus semelhante a Ti, que perdoas a iniqüidade, e que Te esqueces da transgressão do resto da tua herança? O Senhor não retém a Sua ira para sempre, porque Ele Se deleita na benignidade. Tornará a apiedar-Se de nós; pisará aos pés as nossas iniqüidades. Tu lançarás todos os nossos pecados nas profundezas do mar.” Miquéias 7:18-19. Ora, sendo a pessoa remida mediante o batismo, Deus apaga e não Se lembra mais de seus pecados. Como posso aceitar uma crença que ensina exatamente o contrário? Como posso aceitar uma crença que ensina que todos os pecados confessados ainda permanecem registrados no Santuário Celestial? Segundo essa crença, os pecados confessados pelo povo de Deus continuam registrados nos livros celestiais e serão revistos e analisados durante o Juízo Investigativo a partir de 1844. Então, segundo essa crença, Deus não Se esqueceu e nem apagou os pecados já perdoados. Como explicar tudo isto? Lembre-se: Quem não perdoa, não apaga e não esquece os pecados confessados é Satanás, o inimigo de Deus.4. IMPORTANTE NOTA SOBRE O TERMO “AZAZEL” Muitas traduções bíblicas usam o termo “Azazel” quando se referem ao bode emissário. Nessas Bíblias os dois bodes, sobre os quais eram lançadas as sortes, são identificados da seguinte maneira: a) O primeiro bode era “para o Senhor”. Esse bode era sacrificado. O sangue dele era trazido por Arão (Sumo Sacerdote) para dentro do Lugar Santíssimo e espargido sobre o propiciatório. Esse animal tinha que ser sem mancha e sem defeito. b) Ao findar o ritual do primeiro bode, o segundo bode era apresentado vivo “para Azazel”. Sobre a cabeça deste eram confessadas todas as iniqüidades dos filhos de Israel. Um homem levava este bode ao deserto e assim as iniqüidades eram levadas ou removidas do Santuário para uma terra solitária. Esse animal também tinha que ser sem mancha e sem defeito. Somente então, estaria concluído o dia e o serviço da expiação. O termo “Azazel” é meramente uma adaptação da palavra hebraica. As duas primeiras letras da palavra significam “bode”, sobre o qual caia a sorte. O restante da palavra significa “ir embora” ou “partir”, e isso era exatamente o que o bode fazia. Assim, o bode era apresentado vivo “para ir embora”, também interpretado como “bode emissário”. Muitos teólogos aceitam a idéia que Azazel seja o líder dos espíritos maus do deserto, conhecido pelo nome de Satanás. Essa fundamentação não é extraída da Bíblia, mas de livros apócrifos como de I Enoque e Apocalipse de Abraão. Esses teólogos dizem que Levítico 16 sugere e esses livros apócrifos confirmam. Por que esses teólogos não buscam subsídios da própria fonte da verdade que é a Bíblia e somente a Bíblia? Os dois bodes apresentados a Deus deveriam ser sem mancha e sem defeito. No caso, eram tão semelhantes, que foi lançado sortes entre ambos. Se um dos dois bodes representava Satanás, pergunta-se: É Satanás um personagem sem mancha e sem defeito? Por que não foi escolhido um bode defeituoso qualquer para melhor simbolizá-lo? A verdade é que os dois bodes representaram uma só oferta pelo pecado e evidentemente uma dupla representação de Cristo. O ponto principal é que os pecados pelos quais o primeiro bode morre, são levados embora pelo segundo. 5. ANÁLISE FINAL DESSAS QUESTÕES CONTRADITÓRIAS A interpretação errônea de certas passagens das Escrituras tem sido a causa da ruína de muitos sistemas religiosos. Especificamente sobre o tema abordado, o que isto implica? É um tema que envolve salvação ou perdição eterna, pelas seguintes razões: a) Nega-se a eficácia do sacrifício expiatório de Jesus no Calvário ao se aceitar a crença de que os pecados confessados pelo povo de Deus serão depositados futuramente sobre Satanás. A Bíblia ensina que o Diabo não tinha participação nesse processo expiatório (Levítico 16:5 e 10), porque ambos os bodes tinham que ser perfeitos. Jesus não depende da ajuda de Satanás para realizar a salvação do homem. Satanás será condenado pelos atos que ele próprio cometeu. Os pecados confessados pelo povo de Deus foram todos depositados sobre o nosso Salvador Jesus quando Ele morreu no Calvário. Ele é o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1:29). b) Nega-se a eficácia do sacrifício expiatório de Jesus no Calvário ao se aceitar a crença de que nossos pecados confessados ainda permanecem registrados no Santuário Celestial. A Bíblia ensina que o batismo é para remissão de pecados (Atos 2:38) e havendo remissão de pecados, não há mais oferta pelo pecado. Conseqüentemente Deus não mais Se lembrará das iniqüidades do arrependido (Hebreus 10:17-18). c) Nega-se a eficácia do sacrifício expiatório de Jesus no Calvário ao se aceitar a crença de que a expiação não foi concluída com a morte de Jesus. Os pontos fundamentais dessa equivocada crença que nega a eficácia do sacrifício expiatório de Jesus no Calvário são os seguintes: Depois de Sua ascensão, durante dezoito séculos, Jesus atuou no primeiro compartimento do Santuário Celestial. Finalmente a partir de 22 de outubro de 1844 o Senhor Jesus entrou no segundo compartimento (Santíssimo) para dar início à última e solene cerimônia do dia da expiação, denominada de “Juízo Investigativo”. Os pecados confessados a partir daquela data começaram a ser examinados e cada caso analisado minuciosamente. Depois de completar-se a obra de expiação no Santuário Celestial os pecados confessados pelo povo de Deus serão apagados. Por último, esses pecados serão postos sobre Satanás e ele será enviado ao deserto. A BÍBLIA ENSINA O SEGUINTE: 1. Houve uma só e única oferta no Calvário (Hebreus 7:27 e Hebreus 10:10 e 12). Não seguiu ofertando Seu sangue até hoje. 2. A redenção foi completada com a morte de Jesus (Hebreus 9:11-12). Não depende de um processo investigativo a partir de 22 de outubro de 1844. 3. Os pecados confessados são imediatamente removidos (Atos 3:19). Esta remoção não depende de um juízo investigativo. 4. A salvação é concedida imediatamente (Efésios 1:7 e Colossenses 1:14). Não depende de um juízo investigativo. 5. Quando Jesus subiu ao Céu, entrou no Santíssimo e assentou-Se à direita de Deus (Hebreus 10:12 e 19). Jesus não ficou num Lugar Santo, intermediário, até 1844. 6. Desde Sua ascensão Jesus atuou sempre como nosso Sumo Sacerdote (Hebreus 6:20). 7. “Pelo Seu próprio sangue, entrou Jesus no Santíssimo, uma vez por todas, havendo obtido uma eterna redenção.” (Hebreus 9:12). Nada ficou para depois. Definitivamente, a morte de Jesus foi 100% eficaz. |